Junta de Freguesia de Zibreira
O Sargento Faustino da Zibreira
Militante “Couceirista”, conhecido por Sargento Faustino, natural de Zibreira do Concelho de Torres Novas, e que segundo os biógrafos do Capitão Henrique de Paiva Couceiro, era a sombra deste, já que lhe era de uma dedicação cega, não o abandonando um só momento, quer no decurso das operações militares, quer mesmo quando o seu chefe repousava.
Nos anos que se seguiram à implantação da Republica sucederam-se as tentativas de reposição do regime monárquico ficando especialmente célebre as chamadas incursões monárquicas (*), chefiadas pelo Capitão Henrique de Paiva Couceiro (nascido em Lisboa no ano de 1861 e aí morreu em 1944).
Paiva Couceiro foi oficialmente do Exército , tendo participado nas campanhas de África. Ficou célebre na luta contra as forças de o Gungunhana. Foi mesmo proclamado Benemérito da Pátria em 1896.
Anos mais tarde, em 1907, foi nomeado Governador – Geral de Angola.
Em 1910, aquando da instauração da república, contava-se entre os defensores da causa monárquica, refugiando-se na Galiza de onde desencadeou diversas intentonas contra a República.
Em 1919, após o assassinato de Sidónio Pais, Paiva Couceiro proclamou mesmo a chamada Monarquia do Norte, no Porto, tornando-se presidente da respectiva Junta Governativa. Porém, esta situação não conseguiu durar por muito tempo e o regime republicano foi novamente instaurado na região ocupada, tendo-se, então Paiva Couceiro retirado da vida Política, exilando-se nas ilhas Canárias.
Vem isto no entanto a propósito de um militar “Couceirista”, conhecido por Sargento Faustino, natural de Zibreira do Concelho de Torres Novas e que segundo os biógrafos do Capitão Henrique de Paiva Couceiro, era a sua sombra, já que lhe era de uma dedicação cega, não o abandonando um só momento , quer no decurso das operações militares, quer mesmo quando o seu chefe repousava.
« Na primeira incursão não passava por pé de um oficial que não lhe oferecesse um quadrado de chocolate, ou um bocado de pão, de que andava sempre munido para obrigar o comandante, pouco precavido consigo, a alimentar-se».
A sua ligação ao Couceiro vem do tempo das campanhas de África.
« Em 1904 ou 1905, pertenceu à bateria do Couceiro, no grupo a cavalo, em Queluz, onde assentara praça. Durante o tempo de serviço foi promovido a cabo.
Assim que acabou o tempo, foi para a Guarda Municipal, para o esquadrão de Alcântara. Quando em Maio de 1907, o Couceiro foi nomeado Governador Geral de angola, o Faustino, que se lhe afeiçoara nas Baterias, acompanhou-o para África, passando ao exército Ultramarino. Durante os dois anos em que o Couceiro esteve a governar Angola, o Faustino acompanhou-o sempre em todas as deslocações e serviços. Foi ferido ao pé de Couceiro, numa refrega que tiveram no interior do Congo , no território dos Mussorongos, ao sul de Santo António do Zaire.
Depois, findo o governo de Angola, o Faustino entrou para a policia de Lisboa, donde não hesitou em sair para acompanhar o Couceiro para a Galiza».
«e não só tem qualidades morais, como tudo quanto é preciso a um bom soldado. É um cavaleiro muitíssimo desembaraçado e atirador de primeira! Tanto em trabalho de serralheiro como de carpinteiro ou do que for necessário. É homem para tudo».
O Sargento Faustino, como era então conhecido, veio a falecer no célebre combate de Chaves travado entre as forças legítimas do governo republicano e os incursionistas monárquicos de Paica Couceiro no dia 8 de Julho de 1912.
Estes dados biográficos foram retirados do livro Couceiro o Capitão Phantasma, de Joaquim Leitão, a fls. 166 e seguintes.
(Publicado in Almonda em 10/03/2000)
Carlos Trincão Marques
(*)
A primeira incursão começou em 5 de Outubro de 1911 e era integrada por 950 homens em três companhias. Depois de algumas escaramuças com forças republicanas acabou por retirar para Espanha no dia 8.
A segunda teve lugar no período compreendido entre 6 e 9 de Julho de 1911, acabando destroçada em Chaves onde morreu em combate o Sargento Faustino.
Histórias da vida de Adão e Eva
Fragmentos da Etnografia Torrejana
LENDAS; HISTÓRIAS E REZAS
História da vida de Adão e Eva – (Zibreira – Torres Novas)
Quando Deus formou Adão, Obra de talento e juízo,
Formou Deus um Paraíso,
Com árvores e flores composto;
Isto é o sumo gosto
Com eterna perfeição.
Quando Deus formou Adão
Da sua costela a mulher,
Deus lhe difere assim:
- Fica-te neste jardim,
Delicia “esguarnecida”,
Aqui tens teu marido, ó Eva..
Adão todo se enleva
Em se ver acompanhado, em se ver aconselhado,
Pelo Senhor.
-
Tudo fica a teu dispor,
E tudo fica a teu preceito. Guarda o respeito;
Olha eu te digo e tu escuta: Comerás toda a fruta
Que não haja prejuízo,
Menos da árvore da ciência Do bem e do mal.
É uma culpa mortal
Se tal coisa te acontecer; Lembra-te que hás-de morrer Eu te digo a verdade.
A serpente, com maldade,
A Eva foi tentar.
A Eva como frágil,
no pomo foi pegar,
A qual comeu do pomo.
E a seu marido ofereceu,
Da mesma fruta comeu também
Ambos a mesma culpa têm.
A Eva caiu com sorte
Mas ambos ficaram sujeitos à morte.
Aparece-lhe Deus bradando:
-“ Adão onde estás metido?
-
“ Senhor estou escondido“,
Com vergonha “,
-
“Terrível foi o medonho
Por essa culpa cometida!
Acabou-se a boa vida, Olha, Adão, que tu tiveste”
“ A mulher que vós me deste
É que me veio enganar”.
-
“ Anda cá ó Eva.
Vem-me dizer de repente.”
“ Senhor, a maldita da serpente
É que, decerto me enganou”.
O senhor por ela bradou
e lhe disse , mil vezes, deveras – “Ó maldita entre as feras ,
Eu te deito a maldição, andarás
pelo chão
De rastos
Rompendo erva e pastos
A ti te servirá de sustento
E alimento,
Malvada;
Adão pela enxada
Ganhará para comer
E a Eva há-de obedecer
A uma razão direita”
Estes que foram vivendo, estas culpas foram chorando,
E a Deus pedindo perdão.
Foi quando Deus lhes deu então
Um verdadeiro e fiel pastor Isto foi um redentor,
Com virtude e castidade
É que os judeus mataram
A Cristo com falsidade.
Ainda isto, meus senhores, Ainda dura de tal sorte,
Isto nada se acaba
Senão quando vem a morte, A morte quando vem
Não respeita, pois ninguém, Leva tudo por uma parelha Nosso espelho está à vista: Muitos homens são cruéis, São levados em cobiça, Muitos deles que vão à missa é só para um comprazer,
É para ver as moças é para lhes ver a feição
E se elas trajam bem ou não Se levam retratos à moda Muitos deles fazem roda Murmurando com os mais. Vão os filhos com os pais Para as tabernas e para as adegas beber vinho.
Se o dinheiro não lhes chega,
Até o pedem fiado,
Vê-se o homem embriagado Pega a dizer para os filhos:
Vamos para o jogo do reino Maldita é essa lida,
É terrível essa ocasião; Maldita a criação
Que muitos pais dão aos filhos.
Tudo serve de tormento Para a mulher que é casada, Tendo ela a mesa posta,
Sabe Deus o que lhe dão, Quando não lhes dão bofetadas,
Empurrões pelas costas,
- Pede, homem, que te tirem
Essa terrível cegueira,
É saúde de teu corpo
E ganho da algibeira;
Pega, homem, a cismar
Atira com o teu chapéu,
Acredita assim,
Maldito homem,
Que assim não ganhas o céu;
Repara, homem, pela rua da amargura,
Derramou cristo o seu sangue
Para remir a criatura.
Para remir a criatura,
São palavras “raciocínias” Estas almas não se lembram Duma morte repentina.
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